Como surgiu a ideia de você estudar os canabinoides?
Há tempos eu tinha interesse na cannabis.e buscava ler bastante sobre o tema, em 2013 ao ver a repercussão nacional das famílias lutando para tratar as crianças com epilepsia e ainda existia uma enorme duvida sobre a composição e concentração dos óleos medicinais. Isso me fez ter a convicção de que era com aquilo que eu queria trabalhar, à partir daí ingressei em 2015 no mestrado na UTFPR. Aí passei a entender mais e pesquisar quase exclusivamente a planta.
Você teve alguma dificuldade com o estigma que a cannabis carrega?
Sim, no começo tinha duvidas e não sabia ao certo como seria trabalhar com uma substância dita como ilegal. Com o passar do tempo e das notícias ficou mais nítido a necessidade pesquisar sobre o uso medicinal.A comunidade científica sempre me apoiou mesmo sabendo dos desafios a ciência vem em primeiro lugar.
Por que você achou importante fazer parte da Marcha da Maconha além de estudar cientificamente a planta?
Minha participação na marcha vem de muito antes do início da graduação, Atuo na marcha de Curitiba há 8 anos e certamente esse movimento ajudoua me dar confiança para encarar o desafio de trabalhar com essa planta, possibilitando o contato com pessoas especializadas de diversas áreas que me ajudaram a embasar o projeto.
Como foi o processo o processo para criar um produto que analisa os canabinoides?
Ao analisar algumas amostras dos óleos existentes, tive oportunidade de ver que apenas poucos desses óleos tinham de fato alta concentração de CBD. Eu tinha acesso ótimos equipamentos que possibilitavam fazer uma análise bem apurada, mas também sabia a distância que equipamentos assim estavam das pessoas que realizavam os tratamentos. Dessa forma, junto com meu parceiro James Kava, buscamos por referências e formas de realizar uma teste rápido, barato e seguro para identificar em poucos minutos a presença de Canabidiol. Sei que muito temos a evoluir mas acredito que ferramentas como essa podem, de fato, auxiliar no dia a dia de quem prepara e utiliza Cannabis Medicinal. Em breve pretendemos ter testes mais sofisticados e que permitam a identificação de outras substâncias como o THC que pode vir a ser útil também para os Canabistas.