Você já sabia algo sobre Cannabis antes da Anny Nascer?
Eu nunca tinha entrado em contato direto com a Cannabis, meu conhecimento era restrito ao que era divulgado nas mídias. Eu não me classificaria como um preceituoso em relação à planta, mas ela não fazia parte da minha vida de nenhuma forma.

A sua família enfrentou muito preconceito da sociedade né? Qual parte você considera que foi mais difícil de ultrapassar? A mídia, a sociedade ou a política?

Foi bastante impactante no início, sentir na pele como o preconceito pode influenciar percepções e até o comportamento das pessoas, vivenciamos o preconceito de pessoas da sociedade, mídia e os gestores políticos. Uma experiência interessante que nos ensinou que a única forma de se combater um preconceito é com informação, mas informação de qualidade, fundamentada e de fácil comprovação. Dessa forma, as portas foram se abrindo e de opiniões foram sendo modificadas.

Após o avanço na parte política em 2014/2015, vimos a ANVISA não dar a devida atenção que esse tema merece. Que problema você acha que a ANVISA sofre para avançar decentemente nessa questão?

A equipe técnica da ANVISA é excelente, no entanto só em 2017 o novo marco regulatório estava pronto para ser pautado e desde essa época tenho mantido reuniões com os técnicos e com os gestores da ANVISA…

O principal entrave foi justamente no viés ais estratégico de atuação da agência e não na fundamentação técnica necessária para o andamento do processo. Felizmente, estamos em um novo momento, agora esperamos que continuem para termos uma regulação que atenda às necessidades da sociedade.

Vimos no documentário que você gastou uma grana para conseguir esse tratamento para a Anny. Essa nova política que a ANVISA quer fazer para as associações e pessoas jurídicas não compromete a democratização do acesso a cannabis?

É importante entender a abrangência da competência da ANVISA nessa proposta de regulação para o plantio no Brasil. Não é competência da ANVISA regulamentar a produção individual ou até a produção por grupos para consumo próprio. Essa proposta tem foco nas empresas ou grupos que desejam plantar para a comercialização, nesse aspecto sim a ANVISA precisa regular. A expectativa é que as primeiras produções tenham um custo superior aos importados, mas esse é o preço a se pagar pelos anos que o Brasil ficou atrasado e, para que o País possa desenvolver tecnologias e conhecimento que nos tornem competitivos no mercado internacional.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) vai levar à consulta pública a proposta para liberação do cultivo e a produção da maconha para fins medicinais e científicos. O que você acha que devemos esperar?

No dia 11 de Junho a ANVISA iniciou a consulta pública para definição das regras que irão regular a produção no Brasil, esse processo ficará aberto por 60 dias. Essa é a oportunidade para que empresários nacionais, ONGs, pesquisadores, universidades, enfim, para que todos que queiram contribuir possam apresentar críticas e sugestões de como deve ser essa regulação.

Lembrando que a ANVISA precisa atuar sempre com fundamentação técnico/científico, logo as sugestões precisam estar fundamentadas para que possam ser aceitas e incorporadas à proposta inicial.

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